segunda-feira, 7 de novembro de 2011

DJUMBAI SABI DA GUINÉ-BISSAU


Secreta esperança parte II
      
Se eu sou o mar
Tu és onda a rebentar
És nuvem a pairar
Estrela brilhante a cintilar

Dás sentido ao verbo viver,
Dás sentido às manhãs frias,
Tens olhos cor de avelã
Razão das minhas alegrias…

Tens o sorriso mais sincero
De todos os que já vi
O toque mais meigo
De todos os que já senti

E hoje, quando te vejo
Meu olho a brilhar
Dizem aquilo que és
A pessoa que quero amar

Na tarde, de sábado, em que o já consagrado poeta guineense Emílio Lima participou no lançamento da última edição da Colectânea Poesis, da Editorial Minerva, que contou com a participação de meia centena de autores lusófonos, a destacar a participação da jovem guineense Maria Correia, de doze anos, a mais nova dos autores. O Emílio Lima foi o maestro do Sarau Cultural Djumbai Sabi, onde estiveram presentes três dezenas de pessoas, no restaurante Tijolo, um espaço que foi limitado para uma noite de qualidade ilimitada, neste evento organizado pela OG – Onda Guiné.
A noite começou sem timidez com uma mini peça de teatro de André Mendes “Lagartixa” interpretado pelo Edson Incopté e Saibana Baldé, seguida de passadas e estórias de fazer rir. Depois a gastronomia do país, com caldos de mancarra e tcheben, como convidados especiais. A noite já era Djumbai Sabi e atracção ainda não tinha sido servida.
A poesia da Guiné-Bissau, poesia de djorson nobu, na voz doce da Rita Ié, no patriótico inconformismo de Edson Incopté, no crioulo fundo e romântico de Flaviano Mindela, na voz do super-qualificado e reconhecido talento de Emílio, uma vez acompanhado pela noiva Edviges Tavares, e a voz das inquietações de Saibana Baldé juntos e com a plateia entusiasmada e participativa fizeram acontecer uma noite artística incrível de elevado empreendedorismo cultural. Não faltaram poemas tocantes, caldeando vários sentimentos e vontades próprias da juventude que o escreve, não faltaram motivos de orgulho, que toda sente ao ler/ouvir poema da Maria Correia, que aos doze anos escreve como gente grande. O Edson Incopté, que está a preparar um trabalho a solo mostrou que é dotado de talento para a escrita, sempre num registo de inconformismo aliado ao optimismo de quem confia na sua geração, em português ou crioulo o seu poema transmite uma mensagem, uma vontade e várias lições, de quem abraça a sua realidade em cada verso que escreve. Venha daí este trabalho!

Revistando a Antologia Poética Juvenil da Guiné-Bissau – Traços No Tempo a noite serviu para projectar o segundo volume deste projecto que tem iluminado vários talentos do país, tendo começado com 23 autores, o coordenador Emílio Lima anunciou que o segundo volume contará com, quase, 60 jovens poetas e prosadores guineenses, que inclui todos os declamadores que estiveram presentes no evento.
A noite foi curta, bastante preenchida. Para lá de poemas, de estórias e passadas, além da gastronomia, da música, há que ressalvar o convívio, a boa disposição e muita alegria numa verdadeira noite djumbai caldeado entre crioulo e português, onde não faltaram tradutores improvisados, dignos de terem revelado o verdadeiro espírito da hospitalidade guineense. Fica a promessa de mais eventos!


Por Saibana Baldé
Fotos Telmo Correia e Emílio Lima

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